Ser mãe de dois adolescentes é obra. Começam com crises existenciais, irreverência, dúvidas sobre o futuro... um sem fim de coisas às quais, por mais que queiramos ajudar, não conseguimos. Ou achamos que não conseguimos.
Quando faço um balanço sobre o que fiz até agora, apesar de achar que falhei em n coisas, acho que noutras acertei mas estou longe de os conseguir ajudar como gostaria. Há uma razão muito simples, o mundo está diferente e todas as referências que possa ter da minha adolescência vão por água abaixo. Não servem para nada. 
O dia-a-dia é mais louco do que era antigamente. Tudo é rápido e o tempo nunca chega. Resta-nos ouvir, aconselhar e rezar para que alguma coisa entre e que sigam o caminho certo. 
Costuma-se dizer que as crianças não vêm com livros de instruções mas os pais também não. Lá por sermos adultos e termos mais experiência de vida não nos dá o direito de pensar que percebemos tudo sobre as crianças. No fundo não percebemos porque, a partir do momento em que entramos no mundo dos adultos, abandonamos o mundo dos miúdos e deixamos de perceber o que se passa nesse mundo. Achamos o nosso complexo e lembramo-nos que o mundo de criança é fácil. Não há muita responsabilidade, não há contas para pagar, uma relação para manter. E achamos que nos dá o direito de minimizar os problemas que eles encontram pelo caminho. Minimizamos as suas relações amorosas porque sabemos que haverá mais. Argumentamos que não sabem o que é ser responsável porque não pagam contas. 
Mas pergunto-vos, lembram-se de quando eram miúdos e aqueles problemas que agora parecem coisas insignificantes tinham uma dimensão tão grande que parecia que o mundo ia acabar? Os miúdos continuam a sentir-se assim quando se deparam com os problemas que são típicos para a sua idade. Continuam a pensar que o mundo vai acabar.
A melhor coisa a fazer é ouvir, aconselhar metendo-nos na sua pele porque afinal, já lá estivemos uma vez e rezar para que qualquer coisa entre.