Afinal não sou a única

12:16 da manhã

Segunda reunião de pais (ter dois filhos ainda por cima em escolas diferentes é obra). Desta vez do meu filho mais velho, adolescente de 15 anos, repetente do nono ano. O primeiro período poderia ter ser pior mas também poderia ter ser bem melhor. Para um repetente, 3 negativas é muito.

Regra geral, nestes anos todos de reuniões de pais tenho visto mais pais dos meninos bem comportados mas tem vindo a mudar. Tanto na reunião da minha filha como na do meu filho havia vários pais de filhos como o meu, repetente com um toquezinho de graçolas. 
As queixas dos professores são iguais nos últimos anos: os miúdos são muito infantis para a sua idade, pouco atentos, sem discurso verbal decente.
As queixas dos pais também: com muita dificuldade em controlar os filhos, dificuldade em obter respeito, muita internet e telemóvel...
Todos sentem o mesmo, estes miúdos vivem num período completamente diferente do nosso e não sabemos como acompanhar. Esta era das novas tecnologias desorientou-nos por completo.
Há quem diga que só lhes faz mal, que é um exagero, que antigamente é que era bom mas nós também ouvimos isso dos nossos pais. Aliás, deve ter acontecido em todas as gerações.
Ó que é facto é que esta geração tem ao seu alcance coisas que nós não tivemos, que mudou a forma como vimos e lidamos com o mundo. E pergunto-me: será que é assim tão mau? Será que esta geração está mesmo perdida ou será que isto faz simplesmente parte da evolução e por nós estamos a apanhar o barco a meio não conseguimos entender?
Eu sinto-me muitas vezes perdida entre os valores que me foram dados pelos meus pais e que devem continuar a existir e o ter de acompanhar esta nova forma de viver as coisas. Não acredito que seja tudo negativo e se virmos bem as coisas, o mundo está virado do avesso. Se para nós é díficil viver nesta crise, nesta competição constante, na instabilidade de trabalho, ponham-se na pele de miúdos que deveriam estar a olhar para o futuro. Quando o faço não gosto do que vejo.
A psicóloga da escola que os acompanha no processo da escolha da área que deverão escolher no décimo ano disse que os miúdos não olham para o futuro,  não sabem o que querem e quando questionados têm muita dificudade em expressar seja o que for.
Mais uma vez ponho-me no lugar deles: num mundo em crise, a ouvir não só os pais a passarem dificuldade mas o mundo que os rodeia, numa era em que as relações passaram a ser pelo skype ou chat, nada é o que perece, será que dá vontade de olhar para o futuro? Será que é assim tão negativo viverem o agora e pensarem no futuro quando lá chegarem? 
Perguntei ao meu filho há dois anos atrás se ele já tinham pensado sobre o que queria, o que iria escolher (porque como mãe, é importante guiar o meu filho) e ele respondeu-me: Mãe, não sei. Isto está tão mau que nem há empregos. O mais certo é acabar os estudos ser desempregado.
Lembro-me muitas vezes desta conversa. 

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