O pessoal não percebe a estética comunista do trabalho

10:45 da tarde

Como sofro de transtorno dissociativo de identidade preciso de satisfazer todas as pessoas que há em mim. Isto dá uma trabalheira desgraçada porque acabo por ter de fazer mais coisas do que me é possível.
Posto isto, para além deste blog, tenho um sobre fotografia móvel (com página de facebook e conta de instagram), um projecto fotográfico que já tem um ano, um livro que não toco há uns bons 5 anos (desperdício, escrevi pelo menos 120 páginas) entre outras coisas que a minha mente me diz para fazer.
O projecto fotográfico surgiu como escape ao trabalho que me afasta da criatividade que enche a minha cabeça. Deixei de fotografar durante algum tempo e isso deixou-me deprimida e revoltada. Mas como não gosto de ficar a chorar pelos cantos a dizer "coitadinha de mim, não consigo fazer nada blábláblá" decidi arranjar uma forma de continuar a fotografar nos poucos momentos que me estão disponíveis.
Fotografo a caminho do trabalho, na mota (descansem, não sou eu que a conduzo!), fotografo quando saio do trabalho pelas ruas de lisboa (quando o meu joelho não me prega partidas) enfim, sempre que não esteja no trabalho.
Neste processo acabei por começar um projecto ainda a decorrer chamado Phomoto - posto todos os dias (desde que não chova torrencialmente) uma fotografia que tiro a caminho do trabalho. Estas fotografias são postadas no facebook e as pessoas mais próximas conhecem-no e seguem-no.
Tenho vindo a "estudar" os likes que cada fotografia ganha para perceber se são likes porque me conhecem, porque gostam da fotografia, porque apareceu na timeline ou porque simplesmente seguem este projecto. Atenção que não houve qualquer publicidade no meu perfil sobre o projecto! Só coloco as fotografias num albúm com o nome do projecto.
Como faço o mesmo percurso todos os dias há mais de 2 anos e que o fotografo há mais de um, criei uma afinidade com certos objectos. Fotografo-os todos os dias. É como se fizessem parte da família. Mas também há aqueles que vão aparecendo e desaparecendo e que tento captar.
Fotografei um desses novos objectos há cerca de uma semana. Já andava a tentar fotografá-lo há vários dias mas com a mota em movimento nem sempre consigo logo à primeira e preciso de muitas tentativas que se traduzem em dias porque não podemos parar só para eu fotografar. Aliás, nem sequer é esse o intuito. Lá consegui apanhar o objecto, uma retroescavadora com a pá levantada com o céu cheio de nuvens e o sol  a nascer como plano de fundo. Consegui! Fiquei toda orgulhosa e lá esperei os likes que nos últimos tempos até têm sido generosos. Só que nesta fotografia nem foram muitos (bummer). O pessoal não entende mesmo a estética comunista do trabalho! A minha mensagem não passou.

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